Edna e a situação médica na floresta

Às vezes Edna precisa sair de barco, correndo rio acima ou rio abaixo. Ela não é enfermeira, mas é considerada uma ajuda médica para o posto de saúde da comunidade Santíssima Trindade, que dista duas horas de barco.

As viagens para cima ou para baixo do rio numa canoa com motor de popa são prazerosas: você pode ver amplas aberturas na floresta, e, poucos segundos depois, ser circundado pelas palmeiras do açaí, aí você passa pelas partes mais escuras do rio, onde a mata se fecha em cima de você, deixando só uma pequena galeria para passar.

Andar no rio Tamuataí é misterioso e bonito ao mesmo tempo. Mas, a maior parte das vezes, quando Edna tem que sair, não é para diversão. Pega o caminho para visitar pessoas que moram na floresta rio acima, até duas horas de barco da sede da comunidade.

Pesagem da criança em Santo Antonio. 2010. Foto de Elisa Regueira

Pesagem da criança em Santo Antonio. 2010. Foto de Elisa Regueira

A enfermeira Edna soube de três irmãos que não foram à escola ontem; ela tem medo que estejam com malária. Portanto decide visitar a família para ver se está tudo em ordem, e para oferecer ajuda. As famílias que moram rio acima não tem como ir ao médico na Santíssima Trindade cada vez que um membro da família não se sinta bem. Eles utilizam principalmente os bons remédios caseiros, um bom chá, algumas plantas e acham que cada pequeno problema possa ser resolvido desta forma.

Cada comunidade, longe do posto médico, tem um acompanhamento médico, realizado por uma pessoa, incumbida de pesar as crianças, para ver se estão desnutridas, cuidar da dengue e da malária. Apesar disso, se a pessoa está seriamente doente, a assistente médica Edna não pode realmente ajudar. Ela não tem remédios, não tem nenhum instrumento médico, nem band-aid. A única coisa que ela pode dizer para os seus pacientes é aconselhá-los a ir à Santíssima Trindade, ou até o hospital de Prainha, ou se precisarem esperar… que tomem chá até passar as dores.

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